domingo, 19 de março de 2017

A GLOBO E A DEFESA FANTÁSTICA DOS FRIGORÍFICOS

fonte: www.g1.com.br                                                                              
Em pleno ápice dos escândalos envolvendo os frigoríficos JBS e BRF, circulam nos sites especializados em TV informações a respeito de uma soma vultuosa de dinheiro destinado a compra de horários nas principais emissoras com programação aberta no Brasil. 

A intenção das empresas e tentar amenizar o desgaste às suas imagens, após as denúncias da Operação Carne Fraca.

Mas no caso da Rede Globo, diretamente interessada na promoção e marketing positivos do agronegócio, a propaganda saltou do intervalo para a bancada do Programa Fantástico que foi ao ar neste domingo (19).

Nesta edição da revista eletrônica, enquanto narravam o escândalo, os apresentadores Poliana Abritta e Tadeu Schmidt quebraram o protocolo do tradicional direito de resposta e passaram a defender abertamente as empresas listadas nas investigações da Polícia Federal.

As peças de propaganda que vêm sendo exibidas na grade da Globo e demais emissoras fazem menção ao "respeito que os gigantes da carne processada sempre tiveram pela população brasileira", entretanto, há muito tempo a população de Marabá, por exemplo, conhece bem o respeito que o Grupo JBS tem com a cidade. 

Aqui a gigante atua com um frigorífico que coleciona problemas junto à Secretaria de Meio Ambiente, com problemas que vão do mau cheiro que sobe de suas chaminés ao chorume despejado diretamente no Rio Itacaiúnas pelo sistema de esgoto da empresa.

No caso de Marabá, mesmo depois de várias denúncias, a empresa continua de costas para a situação, chegando, em várias ocasiões, a tratar com desdém autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e até do Judiciário locais.

Entre a propaganda e a verdade, como se vê, há um enorme abismo.

Texto: André Vianello

Projeto Ciranda Verde




  

"CARNE FRACA" E NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES

Frigoríco da JBS em Lins, interior de São Paulo.
Um dos alvos da Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta (17), o Frigorifico JBS/Friboi é responsável também pela compra de 80% de toda a carne produzida no Brasil. 

Não à toa, o setor da pecuária está em polvorosa, pois um único dia sem vendas pode representar a bancarrota de todo um sistema. Sem contar que não há previsão para que o clima de desconfiança geral acabe.

Sem dúvida haverá mais choro e ranger de dentes por parte de quem produz carne no país, sobretudo por causa da crise econômica. Segundo relatório IBGE/Cepea 2016, a pecuária respondeu por 6,8% do PIB brasileiro em 2015, gerando cerca de R$ 40 bilhões. 

No entanto, a questão precisa ser avaliada de uma ótica que vá além da lógica do capitalismo predatório que ameaça a floresta, e por consequência, a vida no planeta, para que se chegue a equação de que necessitamos. Em outras palavras, o Brasil precisa encontrar um modelo de desenvolvimento econômico, que ao mesmo tempo, seja socialmente justo (já que a atual pecuária é extremamente concentradora de renda); ecologicamente sustentável (visto que a produção de carne por aqui é altamente nociva para o meio ambiente e economicamente viável, pois o prejuízo apenas com queimadas na Região Amazônica, supera os U$$ 5 bilhões de Dólares anuais, como atestam os dados do relatório Ipea/Ipam.

Na conta acima, ainda precisam ser acrescentados os bilhões de Reais perdidos no ralo da sonegação fiscal e da corrupção; os custos com a poluição do ar; a degradação dos rios; a violência (mortes e escravidão no campo) e o sensível empobrecimento das regiões onde a pecuária prospera. Na ponta da caneta tudo isso deve superar em muitas vezes o lucro da balança comercial com o setor.

Há tempos os ambientalistas alertam que os habitos alimentares da população precisam passar por profundas mudanças e talvez seja esse momento, uma vez que os brasileiros estão revendo conceitos sobre o consumo de carne.

O momento pede a adoção de outras alternativas alimentares mais saudáveis, junto com o fortalecimento dos pequenos produtores de orgânicos sustentáveis, hortifrutigrangeiros domésticos e o incentivo ao comunitarismo, atitudes que benefciam um circulo virtuoso, que ainda pode ajudar manter a floresta em pé.

Texto e pesquisa: André Vianello
Foto: JBS
Projeto Ciranda Verde