domingo, 19 de março de 2017

"CARNE FRACA" E NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES

Frigoríco da JBS em Lins, interior de São Paulo.
Um dos alvos da Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta (17), o Frigorifico JBS/Friboi é responsável também pela compra de 80% de toda a carne produzida no Brasil. 

Não à toa, o setor da pecuária está em polvorosa, pois um único dia sem vendas pode representar a bancarrota de todo um sistema. Sem contar que não há previsão para que o clima de desconfiança geral acabe.

Sem dúvida haverá mais choro e ranger de dentes por parte de quem produz carne no país, sobretudo por causa da crise econômica. Segundo relatório IBGE/Cepea 2016, a pecuária respondeu por 6,8% do PIB brasileiro em 2015, gerando cerca de R$ 40 bilhões. 

No entanto, a questão precisa ser avaliada de uma ótica que vá além da lógica do capitalismo predatório que ameaça a floresta, e por consequência, a vida no planeta, para que se chegue a equação de que necessitamos. Em outras palavras, o Brasil precisa encontrar um modelo de desenvolvimento econômico, que ao mesmo tempo, seja socialmente justo (já que a atual pecuária é extremamente concentradora de renda); ecologicamente sustentável (visto que a produção de carne por aqui é altamente nociva para o meio ambiente e economicamente viável, pois o prejuízo apenas com queimadas na Região Amazônica, supera os U$$ 5 bilhões de Dólares anuais, como atestam os dados do relatório Ipea/Ipam.

Na conta acima, ainda precisam ser acrescentados os bilhões de Reais perdidos no ralo da sonegação fiscal e da corrupção; os custos com a poluição do ar; a degradação dos rios; a violência (mortes e escravidão no campo) e o sensível empobrecimento das regiões onde a pecuária prospera. Na ponta da caneta tudo isso deve superar em muitas vezes o lucro da balança comercial com o setor.

Há tempos os ambientalistas alertam que os habitos alimentares da população precisam passar por profundas mudanças e talvez seja esse momento, uma vez que os brasileiros estão revendo conceitos sobre o consumo de carne.

O momento pede a adoção de outras alternativas alimentares mais saudáveis, junto com o fortalecimento dos pequenos produtores de orgânicos sustentáveis, hortifrutigrangeiros domésticos e o incentivo ao comunitarismo, atitudes que benefciam um circulo virtuoso, que ainda pode ajudar manter a floresta em pé.

Texto e pesquisa: André Vianello
Foto: JBS
Projeto Ciranda Verde



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