A Rede Estadual também foi atingida pelo intenso fluxo migratório na região |
Chegamos a 3ª matéria da série (Lourenção, a vida é mais importante!), e hoje mostraremos os prejuízos deixados na área da educação nos cinco municípios do entorno da obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Como se sabe, a intenção desta série é chamar a sociedade para uma reflexão sobre os Grandes Projetos na região de Marabá.
No caso do derrocamento do Pedral do Lourenção, exigência para viabilizar a Hidrovia Araguaia-Tocantins, as mesmas autoridades que fizeram promessas em Belo Monte especulam que os benefícios serão enormes em Marabá, mesmo com a quase ausência de estudos de impactos ambientais e sociais, como a atração desordenada de fluxos migratórios e a redução da piscosidade do Rio Tocantins.
No exemplo de Altamira, fica claro que mesmo um empreendimento pensado para ser sustentável impacta negativamente o meio ambiente. O saldo final é sempre: devastação, miséria, desemprego e doenças.
Hoje, dando seguimento a reportagem sobre os problemas detectados na construção e inicio da operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, abordaremos educação.
ESTRUTURA CONSTRUÍDA
De acordo com o Dossiê Belo Monte, assim como na área de saúde, problemas sérios passaram a ocorrer também na educação. A Norte Energia, responsável pelo projeto, realizou 54 obras que contemplam: reforma, construção e ampliação de escolas, alcançando um total de 378 salas de aula beneficiadas. Desde o início do empreendimento em 2010, a estrutura de educação preparada pela empresa, se demostrou insuficiente.
RESULTADOS
Já na fase de implantação do projeto, a partir de 2011, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o que se viu foi uma explosão na demanda por vagas no ensino fundamental, resultado da violenta onda migratória rumo ao município.
Com isso, desde então, o que se tem visto são salas de aula superlotadas; queda considerável no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb); aumento nos números de reprovação e de abandono escolar, este último pressionado pelos remanejamentos de famílias de locais inundáveis e pela constante mudança nos locais de canteiros de obras, o que obrigou os pais a acompanharem essa dinâmica.
Alunos saem às ruas em protesto contra a violência nas escolas de Altamira |
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Pará (Sintepp/Altamira), informa que devido as mudanças de local, houve casos escolas que ficaram ociosas, enquanto outras enfrentam superlotação e protesto de alunos por melhorias.
REFLITA
É preciso destacar ainda que a despeito dos graves problemas apresentados, a obra de Belo Monte começou a ser pensada ainda na década de 1970, desde então, ao contrário do acontece em Marabá, todo o processo foi amplamente discutido com a população atingida, para que a usina fosse um grande exemplo de integração harmoniosa com o meio ambiente, com o mínimo de impactos sociais.
Na próxima matéria você acompanha os problemas enfrentados na área de segurança pública graças a chegada da usina.
Texto: André Vianello
Fotos: fatosregionais.blogspot.com.br/ airtonfaleiro.blogspot.com.br
Dados: Dossiê Belo Monte (ISA).
Projeto Ciranda Verde
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