domingo, 10 de julho de 2016

SÉRIE LOURENÇÃO: VIOLÊNCIA EXPLODE NA REGIÃO DE BELO MONTE

A explosão de violência tirou o sossego da população. Protestos são comuns
A 4ª matéria da Série: Lourenção, a vida é mais importante! mostra que com a atração de um grande fluxo migratório para as cidades afetadas pelas obras da Usina de Belo Monte, a demanda por segurança pública sofreu um crescimento muito além do que o efetivo poderia suportar. O resultado foi uma tremenda explosão de violência. 

A Norte Energia, empresa responsável pela obra e operação de Belo Monte, investiu R$ 115 milhões na área, contudo, os homicídios saltaram de 48 em 2012 para 86 em 2014, o que representa um aumento de 80%. Tudo isso seria resultado da chagada de 50 mil pessoas à cidade, por conta do início das obras da usina. 


EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRÁFICO HUMANO

Mulheres resgatadas de traficantes que abastecem a prostituição. 
Em junho de 2014, o G1 revelou os primeiros resultados de uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República à Universidade Federal do Pará (UFPA). 

Segundo o pesquisador Assis da Costa Oliveira,  a construção de Belo Monte gerou um mercado do sexo em Altamira, onde os trabalhadores chegaram a pagar prostitutas com vale-refeição. O esquema contava com a conivência de alguns empregados da Norte Energia, que disse à época ter tomado providências.

A prostituição, segundo a pesquisa, cresceu graças a outro crime, o tráfico humano para Altamira. Os traficantes tinham o propósito específico de atender os trabalhadores da obra de Belo Monte. De acordo ainda com o G1, "os aliciadores exploram mulheres, adolescentes, travestis e índios, que  aceitam vale-alimentação como forma de pagamento pelos serviços sexuais.

VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O Conselho Tutelar de Altamira registrou, só no ano de 2014, 2030 casos de crianças e adolescente em situação de risco. Além das agressões e violência sexual contra esse público, o abandono e maus-tratos aumentaram sensivelmente, sem que a estrutura do enfrentamento pudesse fazer frente à verdadeira calamidade que se instalou na cidade, como garante Edizângela Barros, coordenadora do Conselho Tutelar, que em 2015 foi a Brasília pedir ajuda aos congressistas brasileiros.

DESEMPREGO DEVE PRESSIONAR  A VIOLÊNCIA AINDA MAIS

No primeiro semestre de 2016, calcula-se, que com a conclusão das obras, cerca de 10 mil trabalhadores foram dispensados pela Norte Energia, procedimento considerado comum nos grandes projetos, pois com a conclusão da primeira fase, profissionais braçais se tornam desnecessários. Os poucos postos de trabalho que restaram estão ligados a atividades de alta especialização, como engenharia e outras que exigem formação superior. 

Os desempregados, sem opção, passaram a viver de subemprego provocando um forte processo de favelização da cidade.  Bolsões de miséria também se formaram em Altamira e região, criando áreas de risco e alta vulnerabilidade humana.

A questão do aumento vertiginoso nos números da violência, além de pressionar o poder público, que por falta de recursos e efetivo policial ficou refém da desordem, mobilizou até o Conselho de Defesa da Pessoa Humana. Um levantamento feito por este órgão, constatou que não foram realizadas audiências públicas para ouvir a população. 

O registro feito pelo O Globo retrata bem a realidade do projeto, que desde seu início em 2010, permaneceu de costas para os problemas ambientais e sociais resultantes de Belo Monte. 


Na próxima matéria da série, acompanhe os problemas enfrentados pelos povos indígenas.

Texto: André Vianello
Fotos: Dossiê Belo Monte (ISA)/ G1.
Dados: Dossiê Belo Monte (ISA).

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