quarta-feira, 6 de julho de 2016

TEM INÍCIO HOJE A SÉRIE: LOURENÇÃO, A VIDA É MAIS IMPORTANTE!

Índios Juruna lutam pelo cumprimento de condicionante socioambiental
A partir de hoje o Projeto Ciranda Verde em parceria com os movimentos sociais e entidades contrários ao derrocamento do Pedral do Lourenção, inicia uma série de matérias especiais, que mostrarão os complicadores sociais e ambientais que uma obra dessa envergadura representa.

O material procurará mostrar também, um resgate dos chamados Grandes Projetos, pontuando a forma como todos eles, sem exceção tiveram seu início atrelado a promessas de prosperidade e bem-estar para os municípios diretamente impactados e como a realidade difere dos discursos propalados em palanques políticos, para desaguarem em uma rotina de miséria, desemprego, prostituição infantil e agressões irreversíveis ao meio ambiente e às populações tradicionais e indígenas.

As pesquisas têm como base documentos oficiais das autoridades responsáveis pelo andamento dos projetos e documentos produzidos pelas organizações sociais, associações e ONGs ambientais envolvidas.

Mostraremos ainda, que para além dos discursos políticos, que visam apenas o fortalecimento das oligarquias regionais e a luta desenfreada pelo poder, existem saídas, algumas delas até sustentáveis, para a implementação dos anseios "desenvolvimentistas" da região, tanto para o transporte de insumos como o de passageiros, utilizando os meios de que dispomos atualmente na nossa malha rodoferroviária. 
  

A série começa com a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, município de Altamira, onde passaremos a ilustrar, com base no Dossiê Belo Monte produzido pelo Instituto Socioambiental (ISA), os imensos contrastes que existem entre as medidas prometidas para a redução dos impactos ambientais e sociais da obra, nos municípios envolvidos e as reais condições de abandono e descaso a que foram relegados. Acompanhe! 

BELO MONTE, O NOVO ELDORADO AMAZÔNICO
Canteiro de obras da Usina de Belo Monte.                    Fonte: Greenpeace.org
Em operação desde o mês de maio, Hidrelétrica de Belo Monte deixa para trás um imenso rastro negativo, que perpassa atrasos no cumprimento de condicionantes e até a aplicação clientelista dos recursos destinados à redução dos impactos ambientais em terras indígenas. 

Entre as consequências estão o aumento da violência e da prostituição infantil, superlotação na rede de saúde pública, além de uma vertiginosa queda de qualidade nos números da educação, devidamente demostrada através do Ideb. 

A Norte Energia, vencedora do processo licitatório para a implantação, construção, operação da usina, alega ter utilizado R$ 4,2 bilhões, cerca de 14% dos R$ 25 bilhões do empreendimento, nas medidas de mitigação e redução dos impactos ambientais em Altamira e cinco municípios da região. Vale lembrar que a previsão inicial para os investimentos na obra era de R$ 16 bilhões e que, atualmente, já supera os R$ 30 bilhões, segundo o Estadão.

Até 2019, quando de acordo com previsão do governo federal, a usina estará em pleno funcionamento, as 24 turbinas deverão produzir cerca de 11.233,1 MW, suficientes para atender 60 milhões de pessoas em 17 estados brasileiros.

REALIDADE
Até o momento, apenas 2 turbinas (uma em Belo Monte e outra em Pimental), entraram em operação comercial e estão produzindo 649,9 MW.

SANEAMENTO BÁSICO DEFICIENTE

A Norte Energia estava incumbida desde 2010 a realizar 100% das obras de saneamento básico, que incluíam redes de esgoto e água potável, em Altamira. Entretanto, após seis anos, esta condicionante não foi cumprida, pois a despeito da conclusão das obras, até o início das operações, nenhuma casa sequer havia sido ligada às redes de esgoto ou água. No site da empresa, as notícias dão conta de que só agora, o Hospital São Rafael, em Altamira deverá ser conectado às obras de esgoto e água. Apenas posteriormente, as residências serão beneficiadas.

Com o descumprimento dessa condicionante, todo o esgoto da cidade, que sofreu um considerável aumento populacional por conta da instalação do canteiro de obras, está sendo despejado diretamente no Rio Xingu, agravando os problemas de saúde enfrentados pela Administração Municipal.

Com o barramento da usina, estes problemas devem ser sensivelmente amplificados, comprometendo de vez as principais fontes de água de milhares de moradores, os igarapés Ambé e Panelas.

Na próxima matéria você acompanha os demais problemas enfrentados nas áreas de saúde e educação graças a chegada da usina.

Texto: André Vianello
Fotos: ISA e Greenpeace
Dados: Dossiê Belo Monte (ISA), Estadão, Norte Energia e G1.

Projeto Ciranda Verde   




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